As pessoas podem ter interpretações diferentes sobre o mesmo
texto. É até parte do jogo entre autor e leitor dar margem a essas
interpretações. Em geral, interpretar um texto é, antes de tudo, buscar um
entendimento sobre o que ele expressa, e para isso, vários fatores influenciam,
interna e externamente, ao texto e, sobretudo, aos conhecimentos de mundo do
leitor.
A atividade com a
linguagem se constrói, se cria a todo o momento. Construímos um repertório
constituído de palavras, concepções, tipos de textos (e as situações em que
podem ser utilizados) e o ampliamos continuamente com os textos alheios.
Desses, alguma (ou muita) coisa incorporamos à nossa própria vivência e,
inevitavelmente, transmitimos a outros. Todo esse processo se dá quando estabelecemos
relações com o próprio texto e atribuímos-lhe significação. Para isso,
precisamos lançar mão de conhecimentos adquiridos anteriormente juntamente com
as pistas que o próprio texto oferece em sua superfície. Afinal, o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele com
a presença do leitor. Mesmo no caso de textos não literários, cujos
significados se mostram claramente, o leitor precisa atuar, já que esses também
são fruto de uma elaboração – a trama, os fios, os sujeitos que os teceram.
Vários elementos atuam, fundamentalmente, para que se construam sentidos para o
texto. São chamados de Elementos da
textualidade:
1.INFORMATIVIDADE – Está relacionado ao grau de novidade e de imprevisibilidade que a
compreensão de um texto pode apresentar. Um discurso não tem a mesma
relevância, o mesmo interesse ou a mesma informatividade para todos os
interlocutores. Por isso, o grau de informatividade de um texto depende de
vários fatores, como as condições sociais em que acontece a comunicação, as diferentes
formas de interação entre as pessoas, os objetivos e as necessidades de
interlocução. Um bom texto atrai a atenção do leitor de imediato ou pouco a
pouco, dependendo de seu grau de imprevisibilidade e das novidades que ele
apresenta em seu contexto. Dizer o óbvio e o irrelevante desmerece a produção
de um texto e fere a competência do autor
2.INTERTEXTUALIDADE – É a relação que um texto estabelece com outros textos,
seja de forma alusiva ou em forma de citação direta ou indireta, de paráfrase,
enfim de diversas maneiras em que é perceptível esse relacionamento. A
atividade intertextual pode ter diferentes propósitos (recriação, releitura,
reflexão, crítica, humor, etc) e aparece na literatura, na música, no cinema,
na publicidade – enfim, em muitas formas de expressão e de comunicação. Ela nos
mostra que os temos são universais, mas que a maneira de abordá-los pode variar
de acordo com o indivíduo, a época, o gênero e a intenção. Todo texto,
literário ou não, origina-se de outro, direta ou indiretamente.
3.SITUCIONALIDADE/INSERÇÃO
HISTÓRICA/CONTEXTO – Todo texto é produzido por um sujeito, num determinado
tempo e espaço. A situcionalidade é o fator que sustenta a coerência do texto
em função da situação em que ele é lido, dos modelos sociais de comunicação dos
quais ele participa (o que inclui o seu gênero, o veículo em que circula, o
contexto de interação, etc.).
4.A CONECTIVIDADE –É a relação que se estabelece entre as partes de um texto, criando uma
unidade de sentido. È evidenciada de duas formas:
* Conectividade
conceitual ou COERÊNCIA – de natureza semântica, criadora de sentido.
*
Conectividade sequencial ou COESÃO –
que estabelece a ligação entre as partes do texto.
A coesão diz respeito
às marcas linguísticas que contribuem para o encadeamento do texto, a coerência
se refere à possibilidade de interpretá-lo.
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