quinta-feira, 2 de abril de 2020

Interpretação de texto : pressupostos para ser um leitor de texto eficiente


     As pessoas podem ter interpretações diferentes sobre o mesmo texto. É até parte do jogo entre autor e leitor dar margem a essas interpretações. Em geral, interpretar um texto é, antes de tudo, buscar um entendimento sobre o que ele expressa, e para isso, vários fatores influenciam, interna e externamente, ao texto e, sobretudo, aos conhecimentos de mundo do leitor.
     A atividade com a linguagem se constrói, se cria a todo o momento. Construímos um repertório constituído de palavras, concepções, tipos de textos (e as situações em que podem ser utilizados) e o ampliamos continuamente com os textos alheios. Desses, alguma (ou muita) coisa incorporamos à nossa própria vivência e, inevitavelmente, transmitimos a outros. Todo esse processo se dá quando estabelecemos relações com o próprio texto e atribuímos-lhe significação. Para isso, precisamos lançar mão de conhecimentos adquiridos anteriormente juntamente com as pistas que o próprio texto oferece em sua superfície. Afinal, o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele com a presença do leitor. Mesmo no caso de textos não literários, cujos significados se mostram claramente, o leitor precisa atuar, já que esses também são fruto de uma elaboração – a trama, os fios, os sujeitos que os teceram. Vários elementos atuam, fundamentalmente, para que se construam sentidos para o texto. São chamados de Elementos da textualidade:

1.INFORMATIVIDADE – Está relacionado ao grau de novidade e de imprevisibilidade que a compreensão de um texto pode apresentar. Um discurso não tem a mesma relevância, o mesmo interesse ou a mesma informatividade para todos os interlocutores. Por isso, o grau de informatividade de um texto depende de vários fatores, como as condições sociais em que acontece a comunicação, as diferentes formas de interação entre as pessoas, os objetivos e as necessidades de interlocução. Um bom texto atrai a atenção do leitor de imediato ou pouco a pouco, dependendo de seu grau de imprevisibilidade e das novidades que ele apresenta em seu contexto. Dizer o óbvio e o irrelevante desmerece a produção de um texto e fere a competência do autor

2.INTERTEXTUALIDADE – É a relação que um texto estabelece com outros textos, seja de forma alusiva ou em forma de citação direta ou indireta, de paráfrase, enfim de diversas maneiras em que é perceptível esse relacionamento. A atividade intertextual pode ter diferentes propósitos (recriação, releitura, reflexão, crítica, humor, etc) e aparece na literatura, na música, no cinema, na publicidade – enfim, em muitas formas de expressão e de comunicação. Ela nos mostra que os temos são universais, mas que a maneira de abordá-los pode variar de acordo com o indivíduo, a época, o gênero e a intenção. Todo texto, literário ou não, origina-se de outro, direta ou indiretamente. 

3.SITUCIONALIDADE/INSERÇÃO HISTÓRICA/CONTEXTO – Todo texto é produzido por um sujeito, num determinado tempo e espaço. A situcionalidade é o fator que sustenta a coerência do texto em função da situação em que ele é lido, dos modelos sociais de comunicação dos quais ele participa (o que inclui o seu gênero, o veículo em que circula, o contexto de interação, etc.).

4.A CONECTIVIDADE –É a relação que se estabelece entre as partes de um texto, criando uma unidade de sentido. È evidenciada de duas formas:
* Conectividade conceitual ou COERÊNCIA – de natureza semântica, criadora de sentido.
* Conectividade sequencial ou COESÃO – que estabelece a ligação entre as partes do texto.
A coesão diz respeito às marcas linguísticas que contribuem para o encadeamento do texto, a coerência se refere à possibilidade de interpretá-lo.

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